O poder é passageiro, e a força inevitavelmente se desgasta
Rosinaldo Pires

Bolsonaro entre a inelegibilidade e a possível prisão em meio a pressões internas e externas

Caso seja condenado, Bolsonaro pode acabar atrás das grades, o que representaria um marco inédito na história recente do país.

A conversa sobre uma possível prisão de Jair Bolsonaro deixou de ser só assunto dentro do Brasil e já virou pauta internacional. Isso porque o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entrou de vez nessa história. Enquanto os processos contra Bolsonaro avançam no Supremo Tribunal Federal, Trump decidiu se colocar como aliado do ex-presidente brasileiro e tem feito duras críticas à Corte, chamando o julgamento de perseguição política. Essa postura trouxe ainda mais pressão para o clima político e jurídico aqui no país.

Do outro lado, Eduardo Bolsonaro, filho de Jair, está nos Estados Unidos tentando garantir apoio internacional. Ele fala em nome do pai, acusa o STF de agir de forma autoritária e tem buscado aproximação com lideranças conservadoras americanas. Essa movimentação acabou fortalecendo a relação entre Trump e a família Bolsonaro, criando uma espécie de aliança contra o Supremo.

Só que Trump não ficou só no discurso. Ele foi além e anunciou medidas contra o Brasil, como novas tarifas sobre produtos nacionais e até a aplicação da chamada Lei Magnitsky, que permite aos Estados Unidos punir estrangeiros acusados de corrupção ou violação de direitos humanos. Com base nessa lei, Trump colocou sanções contra ministros do STF, principalmente Alexandre de Moraes, que conduz processos diretamente ligados a Bolsonaro. Isso aumentou a crise diplomática e deixou o governo brasileiro em alerta com medo das consequências econômicas e políticas dessa escalada.

Na Justiça, Bolsonaro responde a processos com base na Lei nº 14.197 de 2021, que trata dos crimes contra o Estado Democrático de Direito. Essa lei prevê prisão pra quem tentar impedir o funcionamento das instituições, incitar golpe ou atacar a soberania nacional. Além disso, ele já está fora das eleições até 2030, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral, que aplicou a Lei da Ficha Limpa após acusá-lo de abuso de poder político e uso irregular dos meios de comunicação. Ou seja, Bolsonaro enfrenta ao mesmo tempo o risco de cadeia e a inelegibilidade.

Mesmo com toda essa pressão internacional, o STF segue firme dizendo que age dentro da lei e que não vai passar pano pra ataques ao Estado Democrático de Direito. Essa postura virou também um teste de independência do Judiciário brasileiro, agora acompanhado de perto por outros países.

O Brasil vive, portanto, um momento decisivo. De um lado, Bolsonaro e seus aliados, com o apoio de Trump, tentam sustentar o discurso de perseguição. De outro, o Supremo mantém sua linha de trabalho mesmo diante das pressões. O que sair desse embate pode mudar não só o futuro político de Bolsonaro, mas também a forma como o Brasil será visto no cenário internacional.

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