Editorial: dinheiro ajuda, mas não elege: os bastidores da política em Rondônia

Editorial: dinheiro ajuda, mas não elege: os bastidores da política em Rondônia

Entre fortunas e votos, a política em Porto Velho mostra que carisma e conexão valem mais que dinheiro.

Em tempos de alianças políticas e articulações nos bastidores, a criatividade corre solta e as especulações também. Porto Velho, a capital de Rondônia, todos conhecem. No entanto, poucos compreendem, de fato, como funciona o jogo subterrâneo da política no estado. É um cenário repleto de nuances, promessas e reviravoltas, onde, muitas vezes, o mais rico não é o vitorioso.

À primeira vista, pode parecer que o dinheiro define o destino de uma eleição. Em parte, isso é verdade, podemos usar como exemplo as disputas proporcionais, como para vereador, deputado estadual ou federal, quem tem estrutura costuma se destacar. Contudo, quando se trata de cargos majoritários como prefeito, governador ou senador, a história muda completamente. Nesses casos, a estrutura financeira ajuda, mas não é suficiente. A política, na prática, exige muito mais preparo, carisma, leitura de momento e, acima de tudo, sintonia com o eleitor.

Um exemplo emblemático é o de Mário Português, empresário bilionário e dono da Distribuidora Coimbra, a maior de Rondônia. Em 2012, ele se lançou candidato a prefeito de Porto Velho pelo PPS. Com uma estrutura poderosa e recursos praticamente ilimitados, parecia uma candidatura imbatível. Entretanto, o resultado nas urnas mostrou outra realidade, mesmo com 37.652 votos, o que o colocou em quarto lugar, distante do segundo turno. Faltaram experiência política e empatia com o povo, dois ingredientes que o dinheiro, por mais abundante que seja, não consegue comprar.

Anos depois, o enredo se repetiu com Mariana Carvalho no União Brasil. Mesmo com uma campanha milionária e marcada por obras de impacto, como a nova rodoviária da capital, Mariana não conseguiu converter investimento em voto. No segundo turno das eleições de 2024, obteve 105.406 votos, o equivalente a 43,82% dos votos válidos, sendo derrotada por Léo Moraes, que venceu praticamente sem enfrentar grandes resistências.

Esses acontecimentos deixam uma lição clara, o dinheiro ajuda, mas não vence eleição sozinho. Ele pode erguer palanques, contratar os melhores marqueteiros e espalhar o nome do candidato por todos os cantos, mas não compra confiança nem conquista corações. No fim das contas, quem realmente vence é quem fala a língua do povo, quem entende suas dores e compartilha seus sonhos.

A urna, silenciosa e implacável, continua sendo o juiz mais honesto da política. Ela não se impressiona com cifras nem com carros de som. Premia quem tem alma e não apenas quem tem saldo. Uma vez ouvi um assessor experiente de um deputado dizer: “Eu tenho medo das urnas”.

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