Onda de fugas em presídios deve aumentar, alertam policiais penais

Onda de fugas em presídios deve aumentar, alertam policiais penais

Enquanto isso, a população segue correndo risco, esperando que, um dia, essas fugas se tornem coisa do passado ou, pelo menos, diminuam.

No último fim de semana, os moradores de Porto Velho foram pegos de surpresa mais uma vez com uma nova fuga em massa na Penitenciária Estadual Jorge Thiago Aguiar Afonso, também conhecida como “603” (nome que, por coincidência, é o mesmo de um policial penal). Como de costume, a população só ficou sabendo do ocorrido pela imprensa, já que a Secretaria Estadual de Justiça (Sejus) tem normas internas que proíbem a divulgação de informações para o público. Essas normas punem severamente os policiais penais que tentam falar sobre o assunto.

Mesmo assim, conseguimos falar com um servidor que já trabalha há alguns anos no presídio “603”. Ele contou que, por volta das 2h25 da madrugada do último domingo (08), conseguiram capturar dois fugitivos — um estava escondido no mato e o outro deitado perto do alambrado. No total, nove presos fugiram, mas apenas dois foram recapturados. Segundo o relato, os detentos serraram as grades da cela C20, subiram pela laje após quebrar as colunas, e conseguiram escapar.

Entre os fugitivos, havia membros de facções perigosas, como o Comando Vermelho (CV). Um dos fugitivos, Anderson Souza, já havia fugido menos de seis meses atrás e foi recapturado recentemente. Outro perigoso foragido é Joel Almeida, conhecido como “Caveirinha”, que também pertence ao CV e já foi preso por tráfico de drogas na fronteira. Um policial penal desabafou: “A gente vive enxugando gelo e faz o possível para que menos fugas aconteçam”.

Outro policial comentou que a população fica vulnerável, pois nem as fotos dos fugitivos são divulgadas para que as pessoas possam se proteger. “É um absurdo o Governo do Estado não avisar. Sempre é a imprensa que divulga”, reclamou.

O presidente do Sindicato dos Policiais Penais de Rondônia (Singeperon), Clebes Dias, apontou dois fatores principais para essas fugas constantes: falhas estruturais nos presídios e um grande déficit de pessoal, já que faz 14 anos que não é realizado concurso público para a categoria. Outro policial penal ainda acrescentou que, de agosto a dezembro, as fugas são recorrentes, mesmo em presídios novos como o “603”, que, apesar de moderno, é inseguro.

O Supremo Tribunal Federal (STF) já declarou que os presídios são lugares inseguros e perigosos, e deu um prazo de seis meses para o Governo do Estado apresentar soluções. O Tribunal de Justiça de Rondônia (TJRO) explicou que supervisiona as ações do Executivo para garantir que as normas e diretrizes sejam cumpridas, mas reconheceu que as fugas fazem parte da realidade do sistema prisional.

Quando questionada sobre a segurança fora dos muros dos presídios após as fugas, a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesdec) se limitou a dizer: “Encaminhe sua solicitação para a Sejus”. A Sejus respondeu que está reforçando as medidas de manutenção dos presídios e realizando treinamentos para os policiais penais. Quanto à divulgação de fotos dos fugitivos, a Sejus afirmou que prefere esperar a confirmação oficial das informações para garantir a precisão.

Com informações do PortalRondônia

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