Mulher ainda ganha bem menos que homem no Brasil: diferença chega a 20,9%

Mulher ainda ganha bem menos que homem no Brasil: diferença chega a 20,9%

Enquanto isso não acontece, o número tá aí: 20,9% de diferença. E isso dói no bolso, dói na autoestima e atrasa a vida de muita mulher batalhadora nesse país.

Mesmo com o avanço da educação, da participação feminina no mercado de trabalho e da ocupação de cargos estratégicos, as mulheres brasileiras continuam recebendo, em média, 20,9% a menos que os homens para realizar as mesmas funções. O dado, revelado por levantamentos recentes, escancara uma desigualdade histórica que persiste em pleno século XXI.

O cenário se repete em praticamente todas as regiões do país e independe de escolaridade, tempo de experiência ou carga horária. Em muitos casos, mesmo com a mesma formação e competência, elas seguem sendo remuneradas de forma inferior. É como se o trabalho da mulher ainda valesse menos — o que, além de injusto, compromete o desenvolvimento econômico e social do país.

Entre os fatores que ajudam a explicar essa diferença estão a divisão desigual de tarefas domésticas, a maternidade e a própria estrutura do mercado de trabalho, que ainda concentra mulheres em setores com menor remuneração média, como educação, saúde e serviços. Enquanto isso, áreas tradicionalmente masculinas — como engenharia, tecnologia e finanças — continuam a oferecer os maiores salários.

A maternidade, em especial, ainda é vista por muitas empresas como um “obstáculo” à produtividade. Mulheres que se tornam mães tendem a enfrentar interrupções na carreira e, ao retornarem ao mercado, muitas vezes têm sua competência colocada em dúvida. É comum que oportunidades de crescimento sejam negadas sob a justificativa de uma suposta “indisponibilidade” ou falta de foco.

Além disso, há a chamada discriminação velada. Diversos estudos já comprovaram que, mesmo quando todos os fatores são iguais, as mulheres ainda recebem menos. Ou seja, muitas empresas ainda pagam menos simplesmente por se tratar de uma mulher ocupando o cargo — uma prática ilegal, mas de difícil fiscalização.

A legislação brasileira prevê igualdade salarial entre homens e mulheres, e a Constituição Federal garante esse direito. No entanto, a aplicação prática dessa igualdade está longe do ideal. Em 2023, uma nova lei passou a exigir que empresas com mais de 100 funcionários divulguem relatórios de transparência salarial, com o objetivo de evidenciar desigualdades e estimular mudanças. A medida é um avanço, mas especialistas alertam: sem sanções e sem mudança cultural, a desigualdade tende a persistir.

A equiparação salarial não é apenas uma questão de justiça individual — é também uma demanda por desenvolvimento coletivo. Empresas mais diversas e igualitárias tendem a ser mais produtivas e inovadoras. Valorizar o trabalho da mulher é reconhecer que igualdade de gênero não é concessão: é um direito constitucional e um passo necessário para um Brasil mais justo.

Enquanto isso não se concretiza, o número permanece como um alerta: mulheres seguem ganhando quase 21% a menos que os homens. E isso representa não apenas um prejuízo financeiro, mas também simbólico, para milhões de brasileiras que lutam diariamente para ocupar seu espaço com dignidade.

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