A decisão dos Estados Unidos de aplicar tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros chegou como uma bomba para a economia de Rondônia. Embora o assunto pareça distante, ele já está batendo na porta de produtores, empresários e trabalhadores do estado. E os efeitos, que começaram a surgir agora, podem se estender por muito tempo se nada for feito.
Rondônia é um estado exportador, com força no agronegócio e na indústria de alimentos. Em 2024, as exportações somaram mais de 2,6 bilhões de dólares. A maior parte veio da carne bovina, soja, milho e madeira processada, produtos que agora estão diretamente ameaçados por essas novas tarifas. Os Estados Unidos sempre foram um dos principais destinos dessas mercadorias. Agora, com a taxação mais pesada, vender para lá ficou mais caro e menos competitivo.
Logo nos primeiros dias após o anúncio do tarifaço, exportadores locais já começaram a sentir o impacto. Contratos estão sendo suspensos, os produtos não conseguem sair do estado e começam a se acumular nos armazéns e portos. A consequência disso é simples, mas dolorosa: o excesso de oferta derruba os preços. O produtor recebe menos, a indústria perde fôlego e o dinheiro começa a circular com menos força.
Além disso, o dólar subiu, passando de R$ 5,50, o que encarece tudo o que depende de importação, desde adubo até peças de máquinas. Isso coloca ainda mais pressão sobre quem produz.
No médio prazo, o cenário preocupa. A economia de Rondônia gira, em grande parte, em torno do campo. Segundo dados da Emater-RO, mais de 90% do valor bruto da produção do estado vem da pecuária de corte, soja e derivados. Se os produtores perderem mercado, produzem menos. Se produzem menos, contratam menos, e a renda nas cidades também diminui. É uma reação em cadeia.
Municípios como Ji-Paraná, Ariquemes, Rolim de Moura e Vilhena, que vivem do agronegócio, já estão em alerta. O comércio local, os transportadores, os prestadores de serviço, todos dependem, direta ou indiretamente, da força do campo. Uma quebra nesse ritmo pode afetar toda a dinâmica dessas regiões.
E no longo prazo? Se nada mudar, Rondônia corre o risco de perder espaço no mercado internacional. Empresas podem fechar, produtores podem abandonar o setor exportador e a economia do estado pode se tornar mais frágil. Mas nem tudo está perdido.
O governo estadual, por meio da Sedec, Emater, FIERO, Idaron e outras instituições, já está se mobilizando. Uma das apostas é diversificar a pauta de exportações. Rondônia tem muito a oferecer além da carne e da soja. Produtos como café, cacau, peixes, castanhas, mel e frutas tropicais estão sendo incentivados. A ideia é conquistar novos mercados, como os países da Ásia, África e os membros do BRICS, reduzindo a dependência dos Estados Unidos.
Claro, isso leva tempo. Abrir mercados exige negociação, certificação, adaptação. Mas é um caminho possível e necessário. O estado também aposta em mais apoio técnico, linhas de crédito e qualificação para produtores e pequenas empresas se adaptarem à nova realidade.
No fim das contas, o tarifaço é um problema, mas também é um sinal de alerta. Ele mostra como é perigoso depender demais de um único comprador. Também mostra a importância de agregar valor aos nossos produtos e buscar novas parcerias pelo mundo.
Rondônia tem força, tem gente trabalhadora e tem potencial. Com planejamento, apoio e união entre governo, setor produtivo e sociedade, o estado pode sair dessa crise ainda mais forte. O que está em jogo não é só uma taxa, mas o futuro da economia rondoniense.
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