A Lei Magnitsky, criada nos Estados Unidos e adotada por diversas democracias ocidentais, voltou ao centro do debate político no Brasil, desta vez com um novo foco: os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Organizações internacionais de direitos humanos e parlamentares estrangeiros vêm defendendo que membros da mais alta Corte brasileira sejam investigados por supostas violações sistemáticas de liberdades civis, abrindo caminho para eventuais sanções internacionais com base nessa legislação.
A Lei leva o nome do advogado russo Sergei Magnitsky, que morreu em 2009 sob custódia do Estado após denunciar um esquema bilionário de corrupção envolvendo autoridades da Rússia. A repercussão global de sua morte levou o Congresso americano a aprovar, em 2012, a chamada Magnitsky Act, posteriormente ampliada para o Global Magnitsky Act, com aplicação mundial. Com isso, os Estados Unidos e seus aliados passaram a poder sancionar, de forma unilateral, indivíduos estrangeiros considerados responsáveis por corrupção, abusos de poder ou violação de direitos humanos.
As sanções incluem o congelamento de bens no exterior, bloqueio de contas bancárias e a proibição de entrada em território americano ou europeu, com consequências políticas, financeiras e reputacionais sérias.
O debate sobre a aplicação da Magnitsky contra autoridades brasileiras se intensificou após os desdobramentos das ações do STF contra cidadãos, jornalistas, empresários e parlamentares ligados à oposição, com base nos inquéritos das chamadas “milícias digitais”, “atos antidemocráticos” e “fake news”. Críticos do Supremo alegam que ministros como Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes estariam extrapolando suas atribuições constitucionais ao ordenar prisões preventivas sem julgamento, bloqueios de contas e censura de veículos de imprensa e redes sociais — medidas que, segundo analistas internacionais, podem configurar abuso de autoridade e perseguição política.
Organizações como a Foundation for Human Rights in Brazil (FHRB), sediada nos Estados Unidos, já encaminharam relatórios a comissões do Congresso americano pedindo sanções contra membros do STF, baseando-se nos critérios da Lei Magnitsky. A argumentação é de que há um padrão de repressão a opositores e censura de vozes dissidentes, contrariando os princípios de uma democracia liberal.
Embora ainda não haja decisão oficial por parte do governo dos EUA, a movimentação nos bastidores é intensa. Parlamentares da ala republicana e também setores conservadores na Europa estariam dispostos a apoiar a aplicação das sanções caso a escalada autoritária continue. O Parlamento Europeu, inclusive, já recebeu denúncias semelhantes.
Internamente, o tema ainda é tratado com cautela. O STF não se pronunciou oficialmente sobre as denúncias, mas ministros têm afirmado que suas decisões estão dentro dos limites constitucionais e visam proteger o Estado democrático de direito. Ainda assim, a crescente pressão internacional mostra que nenhuma autoridade está imune ao escrutínio global quando há suspeitas de abuso de poder.
A eventual aplicação da Lei Magnitsky contra ministros do STF representaria um marco inédito na história política do Brasil — e um claro recado de que, no cenário internacional, liberdades civis, devido processo legal e limites institucionais são valores inegociáveis. Mais do que uma medida punitiva, as sanções seriam um gesto simbólico de defesa da democracia e dos direitos fundamentais em um momento em que o país enfrenta questionamentos sobre o equilíbrio entre os poderes.
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