Editorial: Guerra nenhuma é vitória: todos perdem, até quem acha que venceu

Editorial: Guerra nenhuma é vitória: todos perdem, até quem acha que venceu

Israel e Irã travam hoje não apenas uma guerra militar, mas uma guerra de narrativas, de orgulho, de poder.

Enquanto o mundo acompanha a escalada de tensão entre Israel e Irã, uma pergunta ecoa por todos os cantos: quem está certo e quem está errado? Mas talvez essa não seja a pergunta mais importante. Porque quando bombas começam a cair, quando vidas viram números em noticiários, quando crianças crescem no som de sirenes e não de risos, não há lado certo. Só há dor.

Israel e Irã travam hoje não apenas uma guerra militar, mas uma guerra de narrativas, de orgulho, de poder. Uma guerra marcada por décadas de feridas abertas, radicalismos alimentados, provocações cruzadas e uma ausência brutal do que mais falta no mundo: diálogo com empatia.

E engana-se quem pensa que essa guerra está distante de nós, aqui no Brasil, em Rondônia, em Porto Velho, ou em qualquer outro município. Os efeitos de um conflito como esse se espalham como fumaça: atingem os preços do combustível, o custo dos alimentos, o comércio global, a confiança nos mercados, a segurança digital, a geopolítica internacional. E, pior, alimentam discursos extremistas, polarizações, intolerâncias.

Guerra é sempre prejuízo coletivo: os que a iniciam, quase sempre o fazem sentados em cadeiras confortáveis, bem longe do cheiro da pólvora. Mas os que morrem, os que perdem casas, futuro, filhos, paz — esses são sempre os mesmos: o povo.

E é curioso — ou triste — ver que esse mesmo padrão se repete em escala menor, aqui dentro. Nas nossas cidades. Em nossos governos. Em nossos bastidores. Disputas internas por poder, guerras de vaidades, sabotagens entre lideranças, gente que prefere o ataque ao entendimento, a humilhação ao respeito. Gente que troca o bem comum por um cargo, um título, um microfone a mais.

E, no fim, todos perdem.
Perdem os serviços públicos.
Perdem os mais pobres.
Perde a sociedade, que assiste de camarote a uma peça triste, onde todos se acham protagonistas, mas ninguém salva a história.

Coragem, hoje, não é partir para o confronto. Coragem é sentar à mesa, ouvir o outro, ceder, negociar, construir junto.
Coragem é calar o ego e dar voz à razão.
Coragem é liderar com responsabilidade e não com raiva.

No Oriente Médio ou no Brasil, nas trincheiras ou nos palácios, a lógica é a mesma: o caminho da guerra destrói, o da conversa constrói.

A humanidade já sangrou demais por causa da ambição de poucos. E está mais do que na hora de acordarmos para isso.

Nós, aqui na Deixa de Falar, escolhemos não romantizar guerra alguma, nem interna, nem externa. Nosso compromisso é com a verdade, com a paz e com o bom senso.

Porque no final — e isso a história já ensinou milhares de vezes — quem vence pela força cai pelo próprio peso. Mas quem constrói pela justiça, permanece.

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