Em tempos onde discursos inflamados tomam o lugar da prática, onde o palco vale mais que os bastidores, torna-se urgente falar sobre realização com propósito. É fácil prometer, difícil cumprir. Mais ainda: poucos têm a coragem e a constância de realizar com excelência.
Na política e na gestão pública, isso é ainda mais evidente. Muitos falam o que se quer ouvir, mas poucos fazem o que precisa ser feito. Realizar com propósito vai além de comparecer. É transformar ideias em ações, enfrentar o cansaço, vencer o anonimato — e, mesmo assim, não desistir.
Ao longo da minha trajetória como assessor parlamentar técnico, compreendi que o verdadeiro diferencial está no comprometimento diário. Foram anos chegando cedo, saindo tarde, enfrentando reuniões longas, tensas, mas necessárias. Nem sempre o trabalho era visto — mas era sentido. E isso é o que importa.
Minha função sempre esteve ligada ao planejamento de ações estratégicas e à tradução de complexidades em clareza: através de mapas, organogramas, fluxogramas e dados, auxiliei decisões que marcaram rumos. A política exige visão, mas também estrutura. Paixão, mas também método.
Nesse processo, desenvolvi sensibilidade e expertise em assessoramento político, formando-me na melhor escola: a experiência real, prática, crua — com algumas exceções, claro, pois nem todo ambiente favorece o crescimento. Mas cada obstáculo contribuiu para minha formação.
Lembro de uma madrugada decisiva, preparando materiais para uma votação sensível. Enquanto a cidade dormia, eu redesenhava um fluxograma, ajustando argumentos, refinando dados. Horas depois, aquele material seria decisivo para a aprovação de um projeto essencial. Naquele momento, compreendi o poder silencioso de quem realiza — sem holofote, mas com impacto.
Essa forma de trabalhar me levou à coautoria de um livro sobre performance política, ao lado do Professor e jornalista Herbert Lins, com quem compartilho o desejo de elevar a prática política com mais estratégia e ética. Hoje, sou Secretário Administrativo da AIRON (Associação dos Jornalistas do Estado de Rondônia em formação), presidida pela brilhante jornalista Acacia Cavalcanti, e tive a honra de atuar por anos como assessor parlamentar do deputado estadual Marcelo Cruz (PRTB), com quem compartilhei grandes batalhas legislativas no âmbito municipal e estadual.

E, ao refletir sobre essa caminhada, me recordo da história de Ernest Shackleton, o explorador britânico que liderou a Expedição Transantártica de 1914. Seu navio, o Endurance, ficou preso no gelo por meses até afundar. Embora a travessia da Antártida nunca tenha acontecido como planejado, Shackleton enfrentou o impossível: conduziu todos os seus 28 tripulantes à sobrevivência, sem perder uma única vida.
Muitos conhecem a famosa frase atribuída a um suposto anúncio publicado por ele — ainda que nunca tenha sido comprovada sua existência:
“Procura-se homens para viagem perigosa. Pequeno salário, frio extremo, longos meses de completa escuridão, perigo constante, retorno duvidoso. Honra e reconhecimento em caso de sucesso.”
Real ou não, a frase reflete o espírito da missão. Porque realizar com propósito é isso: é assumir o comando quando tudo congela ao redor, é persistir quando o plano falha, mas a vida ainda depende da sua liderança. É transformar fracasso logístico em vitória humana. E essa, talvez, seja a maior entrega de todas.
Minha jornada, embora em outro cenário, carrega essa mesma essência. Realizei com responsabilidade mesmo quando ninguém pedia aplausos. E sigo nessa missão, porque acredito que é assim que se constrói legado: não com promessas, mas com atitudes concretas, guiadas por propósito.
Em tempos de palavras vazias, que sejamos aqueles que fazem e fazem bem feito. Que sejamos os Shackleton dos bastidores — realizando com inteligência, ética e coração.
Por Rosinaldo Pires – Jornalista, contabilista, graduando em direito, programador PHP, especialista em WordPress.
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