Assembleia de Rondônia: O cachimbo que ainda entorta a boca do poder

Desembargador justifica salários de juízes e relata pedido de autorização para entrar em bairro controlado pelo crime

A declaração foi dada durante entrevista ao podcast Resenha Política, apresentado pelo jornalista Robson Oliveira. As informações são do site Rondônia Dinâmica.

Porto Velho/RO – O desembargador Gilberto Barbosa, corregedor-geral da Justiça do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJRO), afirmou que os altos valores apontados em holerites de juízes rondonienses correspondem, na maioria dos casos, a pagamentos retroativos de direitos que deixaram de ser quitados no tempo adequado. A declaração foi dada durante entrevista ao podcast Resenha Política, apresentado pelo jornalista Robson Oliveira. As informações são do site Rondônia Dinâmica.

“São direitos que não foram pagos no momento adequado e foram depois pagos. […] Dá, evidentemente, um pulso na remuneração do magistrado, mas que não é remuneração”, afirmou o desembargador, ao explicar que os valores são frequentemente parcelados e resultam de decisões judiciais ou administrativas que corrigem distorções históricas na carreira.

Barbosa, com mais de 40 anos de atuação na Justiça, revelou que até recentemente recebia cerca de R$ 26 mil mensais — valor inferior ao salário da própria filha, promotora com seis anos de carreira em outro estado. Ele também lembrou que magistrados passaram anos sem reajuste: “No governo Fernando Henrique, ficamos oito anos sem aumento. Isso é razoável?”

Judiciário mais próximo e premiado
Durante a conversa, o corregedor destacou a evolução do Judiciário rondoniense, que se tornou mais humanizado, acessível e socialmente comprometido. “Hoje temos um poder que compreende melhor seu papel constitucional e a realidade da população. O TJRO tem reconhecimento nacional e já foi agraciado seis vezes com o Prêmio Diamante do CNJ”, disse.

Ação social em bairros dominados pelo crime
Além da magistratura, o desembargador também se dedica à atuação social. É fundador da Associação Luz do Alvorecer, que atua com famílias em situação de vulnerabilidade em Porto Velho, oferecendo cursos profissionalizantes, reforço escolar e atendimento psicológico. Segundo ele, o trabalho ajuda a prevenir a criminalidade, oferecendo alternativas reais para crianças e adolescentes.
Barbosa revelou um dado alarmante: “Tive que pedir autorização para entrar em um dos bairros onde atuamos. O crime manda ali. E se até uma associação social precisa pedir licença, é sinal de que o Estado falhou”.

Segurança e educação
Questionado sobre os índices de violência em Porto Velho, o corregedor relatou que foi assaltado à mão armada no centro da capital, durante o dia. Apesar de reconhecer esforços da Polícia Militar, disse que o combate ao crime organizado precisa ir além da repressão. “Segurança pública precisa de inteligência, mas principalmente de educação. É na prevenção que se muda o futuro”, afirmou.

Trajetória e preconceito
Gilberto Barbosa chegou a Rondônia em 1983, vindo de Santos (SP), e passou quase 30 anos no Ministério Público antes de assumir como desembargador pelo quinto constitucional. Ele afirma nunca ter sofrido preconceito racial diretamente, apesar de reconhecer que o problema existe: “Talvez nunca tenha dado espaço para isso. Mas fui o único negro e pobre na minha turma da faculdade, que era extremamente elitizada”.
Aos 67 anos, ele não descarta a aposentadoria em breve para retornar à advocacia, área pela qual também demonstra grande apreço.

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