Asfalto, influência e eleições: os bastidores de poder por trás da igreja que virou centro de polêmica em Rondônia

Asfalto, influência e eleições: os bastidores de poder por trás da igreja que virou centro de polêmica em Rondônia

Fontes relatam que nomes de políticos e ex-políticos, hoje integrantes do corpo de obreiros da igreja, estariam articulando uma série de benfeitorias em favor da mesma igreja envolvida no caso.

As informações que chegaram até a redação mostram que o asfalto colocado no pátio de uma igreja, usando máquinas e servidores do DER-Rondônia, pode ser só a ponta do iceberg. Desde que o caso veio à tona, os bastidores da política em Rondônia entraram em ebulição. Fontes confiáveis afirmam que políticos experientes, alguns hoje com cargos importantes na igreja com unção ministerial, estariam por trás de uma série de “ajudas” à mesma igreja envolvida no escândalo.

Antes de continuar, é importante deixar claro: quando falamos aqui em “igreja”, não estamos nos referindo à Igreja imaculada, a noiva do Cordeiro, santa e separada, essa é intocável, digna de todo respeito e honra. O que está em pauta é a igreja enquanto instituição conduzida por homens, que como qualquer estrutura humana, está sujeita a erros, falhas e desvios. É essa igreja, feita de decisões administrativas e interesses terrenos, que se vê no centro das denúncias.

À primeira vista, parece só um apoio entre aliados antigos, um gesto de amizade. Mas, olhando com mais cuidado, especialmente pelo lado da lei, o buraco é bem mais embaixo. O que está sendo investigado pode configurar tráfico de influência, que é quando alguém usa o próprio cargo para beneficiar terceiros, e isso é crime.

E o enredo político-religioso só engrossa. Um dos homens mais próximos do pastor-presidente da igreja é um ex-deputado, bastante conhecido nos bastidores. Ele entrou na igreja de forma discreta, mas hoje já é considerado um dos braços direitos do pastor-presidente. Ganhou espaço, confiança e, segundo fontes próximas, tem articulado diretamente essas movimentações.

Mas afinal, por quê? Fé e generosidade podem até ser parte disso, mas tudo indica que há algo a mais. E esse algo mais tem nome: eleições de 2026. Sim, há quem diga que essas ações em prol da igreja têm um objetivo bem prático, garantir apoio e votos no futuro. O tal “presente institucional” pode, na verdade, ser uma moeda de troca eleitoral.

Se essa história parece familiar, é porque, infelizmente, ela é. O Brasil já viu esse tipo de coisa antes.

Um exemplo claro foi o escândalo do MEC, em 2022. Na época, pastores com acesso direto ao ministro da Educação foram acusados de negociar a liberação de verbas públicas para prefeituras aliadas, em troca de apoio político e favores. O caso foi tão grave que virou investigação do Ministério Público.

No Congresso, então, nem se fala. Parlamentares ligados a igrejas evangélicas frequentemente enviam emendas e recursos para suas próprias instituições religiosas, muitas vezes sem qualquer critério transparente. E isso levanta uma pergunta justa: estão usando dinheiro público para interesses privados?

Fora do Brasil, a mistura entre fé e política também causa preocupação. Nos Estados Unidos, por exemplo, igrejas evangélicas têm forte influência sobre o Partido Republicano. Essa relação já gerou investigações por uso indevido de benefícios fiscais e até por interferência em campanhas eleitorais. O Vaticano também não escapou. Nos anos 80, o escândalo do Banco Ambrosiano revelou o envolvimento de religiosos em esquemas financeiros ligados a máfias e governos.

No fim das contas, a linha entre religião e poder político é muito fina, e, quando ela é cruzada, mancha não só a fé, mas também a imagem de quem deveria zelar pelo interesse público.

No caso da igreja de Rondônia, o que parecia só um deslize administrativo agora dá sinais de fazer parte de algo maior, mais planejado e preocupante. E o povo, que assiste tudo de longe, tem o direito de saber o que está acontecendo. Mais do que isso, tem o direito de exigir ética, transparência e respeito com o dinheiro público, seja na política, seja na igreja.

Participe da nossa comunidade!
Clique aqui para entrar no grupo do WhatsApp

Back To Top