Alto Custo: brasileiros trocam comida por conta de luz e governo já fala em medidas emergenciais

Alto Custo: brasileiros trocam comida por conta de luz e governo já fala em medidas emergenciais

A seca severa, os incêndios descontrolados no Norte e Centro-Oeste e os problemas de abastecimento nos reservatórios das hidrelétricas formaram uma bomba-relógio que o governo ainda tenta evitar chamar pelo nome: racionamento.

A conta de luz virou o novo vilão do orçamento brasileiro. Em julho, a tarifa disparou mais uma vez, e os dados da inflação não deixam dúvidas: só a energia elétrica residencial subiu 3,01% no mês, puxando o IPCA-15 para 0,33%. Parece pouco? Pois essa alta solitária já impacta diretamente a vida de milhões de famílias, que estão literalmente escolhendo entre comer ou manter a luz acesa.

Rosilene Andrade, auxiliar de cozinha e mãe de três filhos em Porto Velho, resume o drama de muita gente: “A gente apaga tudo às 19h. Só liga a geladeira à noite e mesmo assim ela tá fazendo gelo no arroz. Estamos escolhendo o que comer pra sobrar dinheiro pra conta.” É isso mesmo: famílias que antes cortavam supérfluos agora estão cortando o básico.

E a situação não é pontual. Em 2025, o custo da energia já acumula alta de mais de 16% — e estamos apenas em julho. A seca severa, os incêndios descontrolados no Norte e Centro-Oeste e os problemas de abastecimento nos reservatórios das hidrelétricas formaram uma bomba-relógio que o governo ainda tenta evitar chamar pelo nome: racionamento.

Mas ele já dá sinais. Especialistas afirmam que há cortes localizados, apagões rápidos e, o pior, inadimplência em massa. Um levantamento recente do Dieese mostra que um em cada quatro brasileiros está com a conta de luz atrasada. E nos estados mais afetados, como Roraima e Maranhão, o preço do kWh já ultrapassa R$ 1,50 — a tarifa mais cara do país.

A resposta do governo até agora tem sido tímida. Em nota, o Ministério de Minas e Energia reconheceu que o sistema está “sob pressão” e prometeu ações emergenciais. Entre as ideias na mesa estão: cortar impostos temporariamente, incentivar instalação de painéis solares em comunidades carentes e até acionar usinas termoelétricas — o que deve piorar ainda mais o preço da conta.

Enquanto isso, no Congresso, a oposição já batizou a crise de “apagão social”. A senadora Amanda Torres (PDT) soltou: “O brasileiro está pagando para viver no escuro. O apagão não é só de energia, é de empatia”.

E nas redes sociais, o desabafo virou tendência. A hashtag #EnergiaNãoÉLuxo explodiu no X (antigo Twitter) e tem sido usada para denunciar abusos, compartilhar contas absurdas e cobrar ação do governo.

A Aneel, por sua vez, recomenda ao consumidor que use lâmpadas LED, evite deixar aparelhos ligados e desligue tudo da tomada. Mas será mesmo que a solução está no consumo? Ou será que estamos diante de uma crise estrutural que está sendo empurrada com a barriga?

O que já está claro é que o brasileiro está no limite. Em enquete feita pelo deixeutefalar.com, 72% dos leitores disseram estar com dificuldade para pagar a conta de luz. E 41% afirmaram que já deixaram de comprar alimentos ou remédios para evitar o corte.

Se energia elétrica é um direito, por que ela está sendo tratada como privilégio?

Nos próximos dias, o governo promete apresentar medidas para aliviar a crise. Até lá, muita gente vai continuar apagando as luzes — e acendendo velas — tentando não apagar a própria dignidade.

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