Em meio a articulações no Congresso Nacional para promover anistias a políticos condenados por irregularidades administrativas, o debate sobre a responsabilidade pública e a moralidade política ganha novos contornos em Rondônia.
O cenário inclui desde vereadores até ex-governadores e deputados federais, num movimento que reacende críticas quanto ao papel do poder legislativo na proteção de seus próprios membros.
Anistia
Nos bastidores, cresce a insatisfação com tentativas de reabilitar políticos com contas rejeitadas por Tribunais de Contas ou condenações em instâncias judiciais. “O Congresso tenta criar brechas que possam invalidar iniciativas como a Lei da Ficha Limpa, que nasceu do povo, não do parlamento”, alerta um analista político local.
Cassol
Entre os nomes envolvidos, volta à tona o ex-governador Ivo Cassol, cuja inelegibilidade é mantida até outubro de 2028 por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Além disso, ele ainda responde a outros processos no Tribunal de Justiça de Rondônia, o que pode estender sua inelegibilidade até 2039, caso haja novas condenações.
Ultrapassado
Para críticos, Cassol representa um símbolo de um modelo político ultrapassado. Rondônia precisa de modernização, de tecnologia, de industrialização. Cassol já teve sua importância, mas hoje sua visão não representa os avanços que o estado necessita, afirmam vozes contrárias à sua possível volta à cena eleitoral.
Polarização
Além da questão local, há críticas à polarização política nacional, comparada por alguns à rivalidade de torcidas organizadas, onde o debate racional é substituído por embates ideológicos extremos entre vermelhos e verde-amarelos. Essa radicalização, segundo analistas, enfraquece a possibilidade de surgimento de uma terceira via no cenário político brasileiro.
Radicalismo
A tentativa de anistiar envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 também foi mencionada como um sintoma do esvaziamento da responsabilização no país.
“A tentativa de golpe já configura crime. Se tivessem tido sucesso, não haveria mais Congresso ou Supremo para julgar ninguém”, destaca uma fonte.
Contradição
O nome do deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara dos Deputados, também foi citado por opositores como exemplo do paradoxo político. Ele é o responsável por decidir se o polêmico projeto de anistia será ou não pautado para votação no plenário da Casa. Até agora, o projeto segue parado, o que, segundo críticos, se deve ao fato de Motta ter o “rabo preso” com o Supremo Tribunal Federal (STF), por ser alvo de suspeitas envolvendo o envio de emendas parlamentares à prefeitura de Patos (PB), governada por seu pai.
O prefeito de Patos já foi denunciado em pelo menos sete ocasiões pelo Ministério Público Federal, acusado de irregularidades na aplicação de recursos oriundos dessas emendas. A proximidade entre os dois e as denúncias levantam dúvidas sobre a imparcialidade do presidente da Câmara diante de projetos que tratam justamente de anistia e responsabilização de agentes públicos.
Responsabilização
Diante desse cenário, o papel do Ministério Público — sobretudo quando se trata de recursos federais — tem sido apontado como essencial para garantir a responsabilização de gestores. Processos que envolvem verbas de emendas ou convênios federais acabam, na maioria das vezes, na Justiça Federal ou no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Confiança
A crise de confiança nas instituições políticas se aprofunda à medida que tentativas de blindagem ganham espaço em Brasília. Em Rondônia, o apelo é claro: chegou a hora de renovar, modernizar e romper com o ciclo de impunidade que compromete o futuro do estado.
Renovação
Esse movimento exige não apenas mudanças de nomes, mas de práticas políticas. A população de Rondônia sinaliza cansaço com velhas fórmulas e exige mais responsabilidade, ética e inovação por parte de seus representantes. A verdadeira transformação depende de lideranças comprometidas com o bem coletivo — e não com a autoproteção de seus interesses políticos.
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