Hidrocloroquina

Hidroxicloroquina é associada ao aumento da mortalidade em pacientes com Covid-19

Com diversos estudos de qualidade sobre o mesmo tema — aplicados em diferentes populações e localidades, por investigadores distintos

O uso de hidroxicloroquina em pacientes com covid-19 está ligado ao aumento da mortalidade. A conclusão acaba de ser publicada em uma das revistas científicas mais respeitadas do mundo, a Nature. Pesquisadores e médicos torcem para que mais esta evidência ajude a frear o uso indiscriminado do remédio, que compõe o ineficaz e inclusive, como agora apontado, maléfico “kit covid” para o alegado “tratamento precoce” da infecção por coronavírus.

A recém-divulgada meta-análise se trata de uma revisão de outros estudos. Os pesquisadores filtraram milhares de artigos até chegarem à amostra de 28 ensaios clínicos randomizados (comparação entre grupos de controle e com medicação) que foi esmiuçada, envolvendo mais de 10 mil pacientes (a maioria internados). “Descobrimos que o tratamento com hidroxicloroquina está associado com maior risco de mortalidade para pacientes com covid-19, e não há benefício da cloroquina”, resumem os autores.

A principal diferença entre às duas drogas é que a hidroxicloroquina tem menos efeitos colaterais e potencializa a ação anti-inflamatória quando comparada à cloroquina. Ambas são indicadas para o tratamento da malária, de doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide, e moléstias fotossensíveis.

O surgimento da pandemia convulsionou o meio científico. Em busca de possíveis tratamentos para a infecção por Sars-CoV-2, quase 700 pesquisas tiveram início apenas nos quatro primeiros meses do ano passado — uma em cada cinco investigações estava relacionada à hidroxicloroquina ou à cloroquina, conforme levantamento destacado na análise.

No princípio da crise sanitária global, as medicações foram autorizadas para uso emergencial hospitalar em diversos países, mas logo começaram a surgir evidências de que não contribuíam para a melhora dos pacientes. Verificaram-se também reações adversas, como arritmias cardíacas. E, agora, a publicação da Nature destaca a elevação do número de óbitos.

Para realçar a importância dessa publicação da Nature, o infectologista Claudio Stadnik, da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, resume como se dá a formação de evidências na medicina. No estágio dos experimentos laboratoriais, a hidroxicloroquina e a cloroquina pareciam promissoras. Produziram-se estudos observacionais e, com o tempo, pesquisas melhores e mais robustas, que são os ensaios clínicos randomizados. Essa evolução exigiu tempo, aprovações em comitês de ética, recursos financeiros.

— Existe uma série de passos para chegarmos cada vez mais perto da verdade. Claro que chegamos nunca  a uma verdade total, ninguém é dono da verdade, é tudo uma evolução, mas com um certo dinamismo — pontua Stadnik.

Com diversos estudos de qualidade sobre o mesmo tema — aplicados em diferentes populações e localidades, por investigadores distintos —, a comunidade científica se assegurou de que a hidroxicloroquina e a cloroquina não davam resultado contra a covid-19. O papel da meta-análise destacada na Nature foi reuni-los e interpretá-los.

Com informações da Nature e GaúchaZH

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