O Ministério Público de Rondônia enfrenta uma realidade preocupante em relação ao seu quadro de servidores. De acordo com informações levantadas em editais e relatórios recentes, a instituição acumula centenas de cargos vagos em diferentes áreas. Há registros de que, em anos anteriores, o déficit girava em torno de cinquenta vagas, mas levantamentos mais recentes apontam para um número muito mais expressivo, chegando a ultrapassar oitocentas funções sem ocupação. Esse quadro mostra o tamanho do desafio que a instituição precisa enfrentar para manter a qualidade dos serviços prestados à população.
O concurso público mais recente foi realizado em 2023 e organizado pela banca Cebraspe. Ao todo, foram oferecidas 432 vagas, sendo apenas 12 imediatas e as demais 420 destinadas a cadastro de reserva. Apesar de parecer um número elevado, o impacto foi pequeno diante da real necessidade, já que o déficit total é várias vezes maior. Para se ter uma ideia, a quantidade de vagas abertas representa pouco mais de 5% do número de cargos vagos atualmente. Ou seja, mesmo com a chegada de novos servidores, a carência estrutural permanece evidente.
A procura pelo certame de 2023 foi relativamente baixa, considerando o tamanho da instituição. Foram 1.699 candidatos inscritos, o que dá uma média de menos de quatro concorrentes por vaga, índice que mostra como alguns cargos específicos da área de tecnologia da informação atraíram menos interessados do que se esperava. Esse concurso, aliás, concentrou boa parte das oportunidades em funções técnicas de TI, como analista de sistemas, analista de redes e comunicação de dados, analista de suporte computacional e programador. Outras áreas também tiveram ofertas, como auditoria, estatística, jornalismo, contabilidade e medicina, mas em proporções menores.
Os salários iniciais divulgados variavam entre R$ 6.971,12 e R$ 11.183,80, valores considerados atrativos, especialmente para o interior de Rondônia, onde o custo de vida é menor. Mesmo assim, a quantidade de vagas imediatas era insuficiente para suprir a demanda real. Esse desequilíbrio ajuda a explicar por que, mesmo após a realização do concurso, o Ministério Público continua enfrentando uma sobrecarga no seu funcionamento.
Na prática, essa falta de pessoal afeta diretamente o trabalho da instituição. Servidores que permanecem ativos acabam acumulando funções e assumindo responsabilidades além de sua área original. Em algumas promotorias do interior, equipes extremamente reduzidas são obrigadas a dividir tarefas administrativas, técnicas e de apoio, o que compromete a agilidade no atendimento e na condução de investigações. Como o MP é responsável por fiscalizar o cumprimento das leis, propor ações judiciais e defender interesses coletivos, a carência de profissionais significa que processos se arrastam e respostas que a sociedade espera acabam demorando mais do que deveriam.
Enquanto a realização de concursos não acompanhar de forma mais efetiva o número real de cargos vagos, o Ministério Público de Rondônia continuará atuando com dificuldades. A situação evidencia a necessidade de novas seleções que contemplem não apenas um cadastro de reserva, mas vagas imediatas em maior quantidade e distribuídas em todas as áreas que sofrem com a falta de pessoal. Só assim será possível reduzir a sobrecarga dos servidores atuais e garantir que o órgão mantenha o nível de eficiência e rapidez que a sociedade precisa.
Fonte: Estratégia Concursos
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