Amazônia sob ataque: mineração ilegal avança e agrava crise humanitária e ambiental

Amazônia sob ataque: mineração ilegal avança e agrava crise humanitária e ambiental

O estudo expõe que mais de 21 mil concessões minerárias se sobrepõem a áreas protegidas e terras indígenas.

A floresta amazônica, maior reserva de biodiversidade do planeta e lar de centenas de povos originários, está sendo destruída em ritmo alarmante pela mineração ilegal. O recente “Mapeamento dos impactos da mineração ilegal na Amazônia”, produzido pela Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil) em parceria com o Instituto Conviva, revela um cenário dramático: comunidades indígenas expulsas de seus territórios, rios contaminados, violência sexual e exploração de trabalho análogo à escravidão.

O estudo expõe que mais de 21 mil concessões minerárias se sobrepõem a áreas protegidas e terras indígenas. Em territórios como o dos Yanomami, a situação beira o colapso humanitário. Em 2022, o assassinato brutal de uma menina Yanomami de 12 anos por garimpeiros chocou o Brasil e o mundo, simbolizando a violência extrema que acompanha a invasão desses territórios.

“Os garimpos atuais não se limitam mais à busca artesanal de ouro. Hoje, são dominados por estruturas criminosas sofisticadas, com máquinas pesadas, pistas clandestinas e armamento de guerra”, explica o relatório. As atividades são financiadas por redes complexas que incluem tráfico de drogas, armas e pessoas, consolidando um verdadeiro “complexo industrial do crime” na região.

Além do impacto social devastador, os danos ambientais são irreversíveis. Rios antes cristalinos hoje carregam mercúrio e lama, comprometendo a fauna aquática e envenenando as populações ribeirinhas. A derrubada de florestas para abertura de clareiras expõe o solo à erosão e ameaça a estabilidade do bioma.

O avanço da mineração ilegal também está profundamente ligado à ausência ou fragilidade de políticas públicas. A omissão de autoridades locais e a conivência de agentes públicos alimentam a cadeia ilegal, segundo o estudo. O discurso político favorável à exploração mineral desde 2018 serviu de combustível para a proliferação de garimpos clandestinos.

A luta dos povos indígenas para proteger suas terras torna-se cada vez mais desigual. Muitos são forçados a migrar, abandonando territórios sagrados e modos de vida milenares. O relatório destaca ainda a destruição cultural provocada pela violência, que abala a estrutura social dessas comunidades.

Em resposta, o governo federal lançou, em 2023, a Operação Libertação, que visa desmantelar a infraestrutura do garimpo ilegal, especialmente no território Yanomami. Embora tenha gerado avanços pontuais, a operação enfrenta resistência local e limitações políticas, revelando a necessidade de medidas mais consistentes e permanentes.

O estudo, ancorado em metodologia qualitativa com entrevistas e análises de campo, denuncia a realidade cruel do garimpo ilegal. Ele propõe não apenas a proteção imediata das populações e do meio ambiente, mas também políticas de desenvolvimento que considerem a ecologia integral e respeitem os direitos dos povos tradicionais.

“A destruição da Amazônia não é apenas uma tragédia brasileira, mas um alerta global”, afirmam os autores. Enquanto isso, a floresta segue sendo devorada, e o grito de socorro dos povos da Amazônia ecoa cada vez mais forte.

Livro Mapeamento dos impactos mineracao ilegal na Amazonia FINAL DIGITAL

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