Banco do Brasil tem perda bilionária em um dia e preocupa investidores
Foto: divulgação / internet

Banco do Brasil tem perda bilionária em um dia e preocupa investidores

O Banco do Brasil perdeu R$ 7,7 bilhões e caiu ao menor valor de mercado desde janeiro de 2023.

O Banco do Brasil (BBAS3), uma das maiores e mais antigas instituições financeiras do país, enfrentou uma queda expressiva em seu valor de mercado nesta sexta-feira, 1º de agosto, após a divulgação de seus resultados financeiros do primeiro trimestre de 2025. As ações da estatal recuaram 6,85% no pregão, encerrando o dia cotadas a R$ 18,35. Como resultado, aproximadamente R$ 7,7 bilhões evaporaram da capitalização da companhia em poucas horas, levando seu valor total de mercado a R$ 104,75 bilhões — o menor patamar desde janeiro de 2023.

O movimento negativo foi impulsionado por uma combinação de fatores. O lucro líquido ajustado do banco no período ficou em R$ 7,37 bilhões, uma queda de 20,7% na comparação anual. Apesar de ainda representar um ganho robusto, o número ficou abaixo das expectativas do mercado e foi interpretado como um sinal de enfraquecimento da lucratividade diante de novos desafios operacionais.

Entre os principais fatores que pressionaram os resultados está o aumento das provisões para perdas com crédito, especialmente no segmento do agronegócio, historicamente uma das principais forças da carteira do Banco do Brasil. A elevação da inadimplência no campo, somada à adoção da nova norma contábil (Resolução 4.966 do Banco Central), exigiu uma postura mais conservadora na gestão de risco, o que afetou diretamente a rentabilidade da instituição.

Outro ponto que chamou a atenção foi a suspensão do guidance (projeções financeiras) para o ano, uma decisão incomum que gerou incerteza adicional sobre os rumos estratégicos do banco. Embora a diretoria tenha afirmado que a revisão do cenário é necessária diante de novas condições macroeconômicas, a ausência de previsibilidade aumentou a desconfiança entre investidores institucionais.

O impacto no mercado foi imediato. A forte desvalorização das ações do BB contribuiu para o desempenho negativo do Ibovespa no dia, puxando para baixo o setor bancário como um todo. Analistas passaram a discutir se o episódio representa apenas um tropeço pontual ou o início de um período mais prolongado de pressão sobre instituições financeiras tradicionais.

Einar Rivero, especialista em análise de mercado, destacou que o nível de desconto atual nas ações do BB — que operam com múltiplos bem abaixo da média histórica — pode atrair compradores oportunistas, mas o risco de revisões negativas adicionais ainda está no radar. “O mercado não está apenas reagindo aos números do trimestre, mas a uma percepção mais ampla de risco, especialmente no crédito agrícola, que sempre foi uma fortaleza do banco”, avaliou.

O episódio reacende o debate sobre a estabilidade do setor bancário num cenário em que margens estão sob pressão, o crédito desacelera e os bancos digitais seguem ganhando participação de mercado. Embora o Banco do Brasil mantenha fundamentos sólidos e elevados índices de capitalização, a combinação de deterioração no crédito e perda de previsibilidade preocupa investidores que, até pouco tempo atrás, viam na instituição uma das apostas mais seguras da bolsa.

A dúvida que paira no mercado agora é se esse revés marca apenas uma correção passageira ou se representa o início de uma tendência mais ampla de reprecificação dos ativos bancários diante de um novo ciclo econômico menos favorável.

Fontes:
Investidor10, É Dinheiro, Infomoney

Participe da nossa comunidade!
Clique aqui para entrar no grupo do WhatsApp

Back To Top