A disputa pela prefeitura de Nova Iorque entrou em sua reta mais intensa neste domingo, último dia de votação antecipada. Sob céu limpo e temperatura amena, milhares de eleitores enfrentaram filas de mais de cinquenta minutos para votar, enquanto os principais candidatos — o democrata Zohran Mamdani, o independente Andrew Cuomo e o republicano Curtis Sliwa — percorreram os cinco distritos da cidade em ritmo acelerado.
Segundo o Conselho Eleitoral de Nova Iorque, mais de 735 mil votos já haviam sido registrados antes do fechamento das urnas antecipadas, um número considerado histórico para uma eleição municipal. O clima era de entusiasmo e nervosismo, com as pesquisas mostrando uma diferença cada vez menor entre os dois primeiros colocados.
Zohran Mamdani, deputado estadual pelo Queens e principal favorito, concentrou sua energia em transformar o engajamento popular em votos reais. Sua campanha mobilizou cerca de 100 mil voluntários, apelidados de “milícia Mamdani”, que tinham a meta ambiciosa de bater o recorde estadual de visitas domiciliares em um único dia: 200 mil portas batidas. O recorde anterior, de 176 mil, havia sido alcançado durante a eleição presidencial de 2024.
Durante um ato no Harlem, Mamdani falou diretamente aos apoiadores. “Lembrem-se de que suas mãos, seja para votar, bater nas portas ou fazer ligações, são mais poderosas do que qualquer propaganda, pesquisa ou previsão”, declarou, em tom de mobilização.
O clima eleitoral, no entanto, não deixou de ser tenso. Mamdani afirmou ter se surpreendido com o nível de agressividade dos ataques que recebeu ao longo da campanha. “Houve momentos em que fiquei chocado com a linguagem usada e com o tipo de política que estamos vendo crescer”, disse o candidato, em entrevista à imprensa local.
Com o avanço de Cuomo nas pesquisas, Mamdani também elevou o tom. “Um dos meus adversários, Andrew Cuomo, passou os últimos dias da campanha tentando não apenas ser o fantoche de Trump, mas o seu papagaio”, provocou o democrata.
Cuomo, por sua vez, respondeu mantendo a ênfase em sua experiência como ex-governador. Acompanhado de duas filhas durante uma caminhada pelo Bronx, ele discursou após visitar uma igreja batista, reforçando o argumento de que é o único com preparo para administrar uma cidade complexa como Nova Iorque. “Não canto bem, não danço bem, não jogo golfe, mas sei fazer o governo funcionar. Sei como fazer mudanças. Faço isso desde os 18 anos”, afirmou.
O republicano Curtis Sliwa, fundador do grupo Guardian Angels, também esteve nas ruas pedindo votos. Ciente de suas menores chances, prometeu continuar atuando na política mesmo sem vencer. “Não vou me calar nem fugir. Se não for prefeito, serei a oposição firme. É isso que a política deve ser: lutar pelo que é certo e não se esconder”, declarou.
Com a cidade vibrando entre comícios, panfletos e filas nas seções eleitorais, o clima é de expectativa. O resultado das urnas nesta terça-feira pode marcar uma virada histórica — tanto pela possível vitória do jovem Mamdani, primeiro muçulmano a liderar a disputa, quanto pelo retorno de Cuomo à cena política após anos de afastamento. De um lado, o apelo por renovação; do outro, a promessa de experiência. Entre os dois, uma cidade dividida, mas atenta, prestes a decidir o rumo do seu futuro.
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