Nos últimos dez anos, os erros das pesquisas eleitorais no estados brasileiros se repetiram em diversas disputas. Ainda assim, é importante destacar que as pesquisas são ferramentas muito importante no processo eleitoral para entender tendências, medir o nível de influência de cada político.
Em 2014, por exemplo, os institutos afirmavam que Marina Silva chegaria ao segundo turno contra Dilma Rousseff. No entanto, quem avançou foi Aécio Neves, que conquistou 33,6% dos votos. Dois anos depois, em 2016, João Doria aparecia com menos de 40% nas intenções de voto para a prefeitura de São Paulo, mas venceu já no primeiro turno com 53%.
Em 2018, várias candidaturas cresceram de forma inesperada, como Romeu Zema em Minas Gerais, Wilson Witzel no Rio de Janeiro e Carlos Moisés em Santa Catarina. Todos tinham índices modestos nas pesquisas, mas surpreenderam nas urnas. O mesmo ocorreu com Jair Bolsonaro, que terminou o primeiro turno com 46% dos votos válidos, bem acima do que os levantamentos indicavam.
Em 2020, durante a pandemia, muitas pesquisas passaram a ser feitas por telefone, o que prejudicou a qualidade das amostras. Em Recife, por exemplo, as sondagens mostravam Marília Arraes à frente, mas o vencedor foi João Campos. Em Porto Alegre, Manuela D’Ávila aparecia como favorita, mas acabou derrotada por Sebastião Melo.
No pleito de 2022, os erros continuaram visíveis. Jair Bolsonaro era mostrado em pesquisas com cerca de 36%, mas alcançou 43,2% dos votos válidos. Em disputas para o Senado, candidatos que não apareciam como favoritos conquistaram vagas importantes. Esses exemplos mostram que as pesquisas têm limitações, principalmente quando fatores como voto de última hora, voto envergonhado ou a recusa de eleitores em participar influenciam os resultados.
Um ponto importante que costuma fazer diferença é a frequência e a metodologia das pesquisas. As mais confiáveis são aquelas realizadas diariamente. Levantamentos diários são mais caros, mas captam variações recentes no eleitorado e refletem melhor tendências de curto prazo. Além disso, cada instituto utiliza sua própria metodologia, desde o tamanho e perfil da amostra até a forma de coletar as respostas, e isso também influencia diretamente a precisão dos resultados.
Em 2024, outro desafio foi a circulação de informações falsas. Em São Paulo, surgiram gráficos adulterados que mostravam Pablo Marçal à frente de Guilherme Boulos, e conteúdos de humor foram divulgados como se fossem pesquisas reais, confundindo parte da população.
Por tudo isso, é fundamental lembrar que as pesquisas não são previsões infalíveis. Elas ajudam a compreender o cenário e orientar estratégias, mas não captam toda a complexidade do comportamento do eleitor. A reflexão sobre o tema não busca desmerecer os institutos, mas mostrar que o resultado final depende do voto de cada cidadão e, muitas vezes, de mudanças que só se definem nos últimos dias da campanha.
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