R$ 46 Milhões na RO-010: solução ou apenas mais um contrato em ano político?
Imagem: divulgação / internet

R$ 46 Milhões na RO-010: solução ou apenas mais um contrato em ano político?

Embora a justificativa de escoar a produção agrícola seja inquestionavelmente pertinente, a iniciativa suscita questionamentos importantes sobre sua execução e durabilidade.

Para o cidadão rondoniense, o anúncio de novas obras de infraestrutura é frequentemente recebido com uma mistura de esperança e ceticismo, um sentimento forjado por um longo histórico de projetos no estado. O recente comunicado do governo sobre um investimento de R$ 46 milhões para a pavimentação da RO-010, no trecho entre Urupá e Mirante da Serra, não foge a essa regra. Embora a justificativa de escoar a produção agrícola seja inquestionavelmente pertinente, a iniciativa suscita questionamentos importantes sobre sua execução e durabilidade.

A principal preocupação reside na especificação técnica do projeto, o uso do asfalto TSD (Tratamento Superficial Duplo). Em Rondônia, onde o clima é severo e o transporte de cargas pesadas, como gado e grãos, é intenso, a durabilidade do pavimento é um fator crítico. A escolha por uma solução de menor custo inicial, mas de reconhecida fragilidade, gera dúvidas sobre a sustentabilidade do investimento. A economia agora pode representar custos recorrentes de manutenção no futuro, um padrão já observado em outras rodovias estaduais que sofrem com a rápida degradação. A questão que se impõe é por que não se opta por tecnologias mais robustas, como o CBUQ, que, embora mais onerosas, oferecem uma vida útil compatível com as necessidades logísticas de Rondônia.

O montante de R$ 46 milhões, embora expressivo, também deve ser analisado em perspectiva. É este um valor suficiente para garantir uma obra de alta qualidade e longevidade, ou está dimensionado para uma intervenção mais superficial? A comparação com projetos em estados vizinhos, que também são pilares do agronegócio, sugere que obras de infraestrutura duradouras frequentemente demandam investimentos mais vultosos, atrelados a especificações técnicas superiores. A população de Rondônia não anseia apenas por uma estrada pavimentada, mas por uma solução de engenharia que efetivamente resista às condições locais e ao tempo.

Adicionalmente, o momento do anúncio levanta questionamentos sobre suas motivações. Produtores rurais da região, que há décadas enfrentam perdas materiais devido às condições precárias da estrada, indagam por que uma demanda tão antiga e vital só agora ganha status de prioridade. Essa percepção de que a obra pode estar mais alinhada a um calendário político do que a um planejamento técnico de longo prazo é um ponto sensível, transformando uma necessidade pública em um potencial instrumento de campanha.

Em última análise, a fiscalização da obra será o elemento decisivo. A sociedade rondoniense precisa de garantias de que os recursos serão aplicados com rigor e que a qualidade do serviço será irretocável. A pavimentação da RO-010 representa, assim, um teste fundamental para a gestão do Coronel Marcos Rocha. O resultado definirá se este será um legado de desenvolvimento concreto para a região, beneficiando de fato a população, ou se entrará para o rol de projetos cujo impacto se dissipa rapidamente, deixando para trás pouco mais do que promessas e a frustração de uma oportunidade perdida.

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