Novo sistema de baixa pressão provoca enchentes e caos no Vale do Taquari e Serra Gaúcha
Vale do Taquari vive tragédia sem precedentes

Novo sistema de baixa pressão provoca enchentes e caos no Vale do Taquari e Serra Gaúcha

Em Lajeado, o Rio Taquari transbordou mais uma vez, inundando o centro comercial e obrigando dezenas de famílias a abandonarem suas casas às pressas.

Um intenso sistema de baixa pressão voltou a castigar o Rio Grande do Sul nesta semana, provocando novas enchentes e deslizamentos nas já fragilizadas regiões do Vale do Taquari e Serra Gaúcha. As chuvas torrenciais que começaram na madrugada de quinta-feira (08/08) elevaram rapidamente o nível dos rios, transformando ruas em rios e deixando um rastro de destruição em cidades que ainda se recuperavam das tragédias anteriores.

Em Lajeado, o Rio Taquari transbordou mais uma vez, inundando o centro comercial e obrigando dezenas de famílias a abandonarem suas casas às pressas. Situação semelhante ocorreu em Encantado, onde mais de 500 famílias tiveram que ser removidas de áreas de risco. As estradas não resistiram: trechos críticos da BR-386 e da Rota do Sol ficaram completamente intransitáveis, isolando comunidades e dificultando o trabalho de resgate.

A Defesa Civil estadual já contabiliza mais de 5.200 desabrigados espalhados por 15 municípios em estado de emergência. Nos abrigos, a situação é precária – faltam colchões, medicamentos e, em algumas localidades como Feliz e Roca Sales, até água potável está escassa. “É como se maio estivesse se repetindo, só que pior”, desabafa um voluntário que trabalha nos socorros desde a primeira tragédia.

Os meteorologistas explicam que um ciclone extratropical associado a esse sistema de baixa pressão é o responsável pelo volume anormal de chuvas. O INMET emitiu alertas para risco alto de novos deslizamentos, especialmente em encostas já fragilizadas, e prevê que os rios Taquari e Caí podem subir até 4 metros acima do nível normal nos próximos dias.

Enquanto isso, o governo estadual tenta coordenar as operações de resgate com apoio do Exército, mas esbarra na mesma dificuldade de meses atrás: a falta de infraestrutura para chegar às áreas mais críticas. Helicópteros foram acionados para resgatar moradores ilhados, mas a demanda supera a capacidade disponível. O ministro da Integração Nacional sobrevoou a região e prometeu agilizar a liberação de recursos, mas os R$ 50 milhões anunciados são considerados insuficientes pelos prefeitos locais.

No campo, os prejuízos se acumulam. Estradas rurais destruídas impedem o escoamento da produção, enquanto lavouras de soja e trigo ficam submersas. A Farsul estima que as perdas já passam de R$ 300 milhões só nesta safra, um golpe duro para a economia gaúcha.

Nas redes sociais e nos abrigos, a revolta é palpável. Moradores questionam por que obras de contenção não foram realizadas após a última tragédia e por que tantas famílias ainda vivem em áreas de risco. Com a confirmação do fenômeno La Niña para os próximos meses, especialistas alertam que esta pode ser apenas mais uma de uma série de tragédias anunciadas – a menos que medidas estruturais sejam tomadas com urgência.

Enquanto isso, a solidariedade tenta preencher as lacunas deixadas pelo poder público. Centros de doação em Porto Alegre e outras cidades recebem alimentos, roupas e materiais de higiene, mas o desafio agora é fazer com que essa ajuda chegue a quem mais precisa, em meio a estradas destruídas e comunidades isoladas. A pergunta que paira no ar é a mesma de sempre: até quando o Rio Grande do Sul precisará viver nesse ciclo interminável de tragédias e reconstruções?

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