Enquanto pacientes penam nos postos de saúde sem remédio básico, a Secretaria Municipal de Saúde (SEMUSA) resolveu investir pesado… em lanchinhos. Isso mesmo. Um contrato de R$ 444.462,60 foi assinado com a empresa F F Azzi Paranhos Comercial Ltda, especializada em fornecer coffee-breaks. O acordo foi feito com base numa ata de registro de preços do governo estadual, através do pregão eletrônico nº 685/2023.
Remédio que é bom, nada. Mas tem bolo e suco garantido.
O contrato é legal, sim, com validade de 12 meses e tudo nos conformes da lei. Mas o que está pegando mal é a prioridade. Em vez de comprar remédios que estão faltando nos postos, a grana foi pra bancar comes e bebes em eventos da pasta — que, aliás, ninguém sabe ao certo quais são.
Moradores já começaram a questionar o gasto:
“Fui no posto do bairro Nacional e não tinha nem dipirona. E agora a gente descobre que estão gastando com coffee-break? Isso é um absurdo!”, disse uma moradora indignada da zona Norte.
Dinheiro pulverizado e falta de transparência
Além do valor salgado, o contrato não explica direito pra que esse serviço será usado. Não diz quantos eventos vão ter, quantas pessoas serão atendidas, nem o que será servido. Parece vago demais pra um gasto tão alto.
Pra piorar, o dinheiro saiu de quatro programas diferentes da SEMUSA, o que levanta suspeitas de falta de planejamento. E ainda tem uma previsão de gastos “remanescentes” que podem ser adicionados depois — tipo aquela continha extra que vem escondida no fim do mês.
Cadê o fiscal disso tudo?
Outra falha grave: o documento não informa quem vai fiscalizar o contrato, como manda a Lei de Licitações. Sem alguém responsável, como garantir que o serviço vai ser bem prestado e que o dinheiro está sendo bem aplicado?
Interesse público? Passou longe.
Em tempos de crise na saúde pública, com falta de medicamentos, poucos profissionais e infraestrutura precária, gastar quase meio milhão com café e salgadinho soa, no mínimo, como uma escolha muito questionável.
Legal, mas duvidoso.
A contratação, por enquanto, não tem nenhum indício de ilegalidade. Mas a falta de clareza, a ausência de justificativa concreta e o descaso com a situação real das unidades de saúde tornam o gasto difícil de engolir — até com um pão de queijo no prato.
A reportagem tentou contato com a SEMUSA para saber mais sobre o contrato, mas até o fechamento desta matéria não houve retorno.
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