A Polícia Federal anunciou a expansão de um programa que promete mudar a forma de combater o garimpo ilegal na Amazônia. A iniciativa utiliza uma tecnologia capaz de identificar a chamada “impressão digital” do ouro, ou seja, um conjunto de características químicas e físicas que revelam de qual região o metal foi retirado. Com isso, o ouro apreendido em fiscalizações poderá ser ligado diretamente ao ponto de origem, permitindo a responsabilização dos envolvidos em toda a cadeia, desde o garimpo clandestino até os esquemas de comercialização.
Esse programa já vinha sendo aplicado em áreas estratégicas da Amazônia Legal e agora foi ampliado para alcançar outros estados e até países vizinhos. A ideia é criar uma rede de rastreamento internacional, já que o tráfico de ouro não respeita fronteiras e tem usado rotas cada vez mais sofisticadas para driblar a fiscalização. A Guiana Francesa e a Colômbia estão entre os primeiros parceiros a integrar o projeto, permitindo troca de informações entre autoridades policiais e ambientais.
Na prática, o trabalho envolve a coleta de amostras de ouro em diferentes regiões da Amazônia, incluindo Rondônia, Pará e Roraima. Essas amostras são analisadas em laboratório e formam um banco de dados que funciona como um mapa geológico do metal. Quando ocorre uma apreensão, o material é comparado com esse banco de dados, indicando de onde saiu e se foi extraído legalmente ou não.
O avanço dessa tecnologia representa uma nova frente no combate ao crime ambiental. Em Rondônia, por exemplo, onde rios como Madeira, Jamari e Machado já sofrem pressão do garimpo, a possibilidade de rastrear a origem do ouro pode enfraquecer redes que operam tanto na extração quanto na exportação. A medida também se soma a operações de campo realizadas em áreas de garimpo clandestino, que já vinham resultando na apreensão de equipamentos e interdição de balsas.
A Polícia Federal destacou que o objetivo não é apenas punir, mas também reduzir o incentivo econômico para que o garimpo ilegal continue se expandindo. Ao desvalorizar o ouro sem procedência legal, espera-se que os compradores e exportadores passem a exigir comprovação de origem, criando barreiras para a circulação do metal extraído de forma clandestina.
Outro ponto importante é a cooperação internacional. Com a inclusão de países vizinhos no programa, as autoridades brasileiras esperam fechar o cerco contra rotas usadas para escoar o ouro. Muitas vezes, o metal sai de garimpos ilegais em território brasileiro e é registrado como se tivesse origem em países vizinhos, o que dificulta a responsabilização. Agora, com o cruzamento de dados entre fronteiras, será possível identificar essas manobras e responsabilizar quem participa do esquema.
O garimpo ilegal é uma das maiores ameaças à Amazônia. Além do impacto direto nos rios e na floresta, há consequências sociais, como conflitos em comunidades tradicionais e contaminação por mercúrio em áreas de pesca. Em regiões de Rondônia, relatos de prejuízo à saúde de ribeirinhos e indígenas são constantes, evidenciando que o problema vai muito além da questão econômica.
Com a expansão do programa de rastreamento, a expectativa é de que operações conjuntas se tornem mais frequentes e que os resultados ajudem a reduzir a impunidade. Para comunidades amazônicas, a notícia traz esperança de que o Estado esteja mais preparado para enfrentar um problema que há anos corrói o meio ambiente e ameaça a sobrevivência de populações locais.
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